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1.4. Aumentar a oferta de habitação

Portugal é um dos países da Europa com menor oferta de habitação pública e o Governo falhou todas as suas promessas para a aumentar. Por outro lado, as casas disponíveis estão a ser afetas a outros fins, como o turismo, o turismo residencial de luxo, a obtenção de vistos gold e a especulação financeira, sem qualquer tipo de controlo ou limites.

O Governo falhou na oferta de habitação pública

GRÁFICO 7 – Percentagem de habitação pública
Fonte: Housing Europe 2021

Este é um dos problemas estruturais da habitação em Portugal a que o governo do PS só respondeu com anúncios, promessas e, passado o prazo auto imposto para a sua realização, incumprimento. Prometeu resolver as carências habitacionais identificadas no Levantamento Nacional de Necessidades de Realojamento Habitacional até ao 50.o aniversário do 25 de Abril. Até final de 2023 apenas 2,4% estava concretizado. Prometeu 170 mil novos fogos a custos controlados e em 2023 reviu essa promessa em baixa para apenas 4% do objetivo: 6.800 fogos. Foram anos de maioria absoluta para um falhanço absoluto.

As propostas do Bloco para aumentar a oferta de habitação:

  • 25% da nova construção para habitação acessível
    Com esta medida será afetada uma quota de 25% do produto de obras de construção, reconstrução, ampliação e alteração ou de operações de loteamento ou operações urbanísticas para habitação a arrendar sob o regime de renda condicionada, aumentando assim a habitação acessível e reduzindo o valor global das rendas.

  • Construção pública de novos alojamentos destinados ao arrendamento a custos acessíveis, integrados na malha urbana e evitando a reprodução de guetos;

  • Mobilização imediata de edifícios públicos devolutos ou sem utilização para habitação a custos acessíveis;

  • Uso de instrumentos da política de solos – posse administrativa – para conversão de edifícios habitacionais devolutos em habitação a custos controlados;

  • Reforço do IHRU e criação de um Serviço Nacional de Habitação
    Com orçamento e programação plurianual para aumentar a provisão, organização e manutenção de habitação pública.

  • Proibir a venda de casas a não residentes
    Perante a gravidade da crise da habitação é necessário tomar medidas que garantam que as casas disponíveis são efetivamente utilizadas para fins habitacionais. A entrada de não residentes que, aqui não desejando viver, pretendem apenas adquirir um ativo financeiro ou bem de luxo cria enormes pressões no mercado habitacional. Trata-se de uma procura praticamente ilimitada, com um poder de compra inesgotável, que inflaciona o preço dos imóveis, como foi já reconhecido pelo Banco de Portugal. Assim, o Bloco propõe a proibição da venda de casas a não residentes, salvaguardando naturalmente o direito de aquisição de imóveis a portugueses residentes no estrangeiro, bem como a estrangeiros residentes em Portugal e transações de imóveis em territórios de baixa densidade. No Canadá, o governo do Partido Liberal proibiu a venda de edifícios residenciais a estrangeiros, medida que já tinha sido aplicada na Nova Zelândia e que, recentemente, poderá ser também uma realidade nas ilhas de Ibiza, Maiorca e Menorca.

  • Moratória a novos empreendimentos turísticos
    Suspensão da emissão de títulos para novos empreendimentos turísticos nas zonas de pressão habitacional até 2030.

  • Limitação do Alojamento Local
    O Alojamento Local deve estar sujeito a quotas máximas, estabelecidas em cada freguesia, que respeitem a função primordial das imobiliário habitacional: a habitação. O Bloco propõe:

    1. Imposição, em cada freguesia, de um máximo de 5% de fogos dedicados ao Alojamento Local;
    2. Fixação do prazo de dois anos para as licenças de Alojamento Local, renováveis por períodos iguais, até ao cumprimento dos rácios fixados, não podendo ser renovadas licenças que resultem na violação desses rácios. Na renovação das licenças, têm prioridade os titulares que possuam, direta ou indiretamente, apenas um registo de AL;

Um novo hotel a cada cinco dias

Em 2022 Portugal tornou-se o quarto país da Europa com mais projetos de hotéis, a maioria dos quais em Lisboa, no Porto e no Algarve. Até 2024 os promotores consideram que vão abrir mais 115 hotéis em Portugal. O resultado é claro: em 2024 vai nascer um novo hotel a cada cinco dias em Portugal.

GRÁFICO 8 – N.° de Alojamentos Turísticos
Fonte: Pordata

Um artigo recente do Jornal A Mensagem de Lisboa resumia a saturação a que Lisboa chegou: “A Baixa conta, atualmente, com 31 hotéis, 1411 quartos e mais unidades de Alojamento Local (AL) do que residentes. São 977 unidades de AL para 969 residentes no perímetro da Baixa Pombalina. Os dados são do Turismo de Portugal e do Censos 2021, filtrados para um perímetro que considera a planta ortogonal da Baixa Pombalina.”

Restrições ao AL por todo o mundo

São várias as cidades do mundo que impuseram restrições para travar a expansão descontrolada do Alojamento Local. Estas restrições são de vários tipos. Cidades como Viena, Paris, Barcelona, Berlim, Munique, Amesterdão, Londres, Nova Iorque, São Francisco, Montreal e Vancouver adotaram uma restrição qualitativa, onde limitam o número de dias por ano que as propriedades podem ser alugadas ou o número máximo de hóspedes simultâneos. Algumas cidades optaram por restrições de localização ou densidade, ou seja, limitam o alojamento local a áreas específicas ou a partir de determinado limiar de pressão, é o que acontece em Florença e Roma e está em discussão o seu alargamento a outras cidades de Itália.

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