4.1.1. A crise climática é uma história de desigualdade social
Os 1% mais ricos do planeta são responsáveis por tantas emissões de gases com efeitos de estufa (GEE) como os 66% da população mais pobre do planeta. Uma pessoa dos 99% mais pobres – ou seja praticamente toda a gente no planeta – demoraria 1.500 anos para produzir tantas emissões de GEE como o que os mais ricos emitem num único ano.
A pegada de carbono dos 0,1% é 77 vezes mais alta que o nível mais elevado possível para manter a temperatura abaixo do aumento de 1,5ºC. A vida dos super-ricos – feita de super-iates, super-mansões, da super-corrida espacial e outros desvarios – está a destruir o nosso planeta.
Existem duas divisões claras. Uma entre nações do norte e do sul global. Em 2019, as nações mais ricas foram responsáveis por 40% de emissões de GEE relacionadas com o consumo. Em contrapartida, todo o continente africano, que alberga um sexto da população mundial, foi responsável por 4% das emissões. Mas existe uma segunda divisão que está a crescer: a desigualdade dentro dos países, onde os super-ricos assumem grande parte das emissões.
De acordo um extenso estudo do jornal “The Guardian” com a Oxfam, entre outros especialistas, os mais ricos são os que mais contribuem para as alterações climáticas, mas são os que menos sofrem as suas consequências, porque podem pagar a sua adaptação e proteção em ambientes isolados. Já quem vive em pobreza, comunidades etnicamente marginalizadas, imigrantes, mulheres e raparigas, pessoas que vivem e trabalham na rua ou em casas vulneráveis às temperaturas extremas, sofrem desproporcionalmente os efeitos das alterações climáticas.
O Bloco de Esquerda propõe mudar o paradigma da resposta climática:
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Em vez de medidas que castigam a população (como o aumento do IUC), criar alternativas em áreas da economia incompatíveis com o planeta: interditar jatos privados, garantir a completa eletrificação dos navios cruzeiro e limitar a sua permanência nos portos nacionais.
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Garantir justiça climática na resposta às alterações climáticas, com prioridade à criação de emprego em setores que reduzam as emissões e a debelar dificuldades das populações mais vulneráveis aos efeitos da crise climática.
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No plano internacional, defender o financiamento às políticas de adaptação e às perdas e danos.