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10.2. Aumentar os salários e combater a precariedade na Administração pública e no Setor Empresarial do Estado

As atualizações remuneratórias dos trabalhadores e das trabalhadoras da Administração Pública são um exemplo da perda de rendimentos. Considerando o impacto da inflação para aferir a evolução do poder de compra, o salário dos trabalhadores e das trabalhadoras do Estado regista uma queda real – a remuneração base média mensal na Administração Pública caiu 0,7% entre outubro de 2015 e abril de 2023.

À exceção dos rendimentos mais baixos, como os dos assistentes operacionais e dos assistentes técnicos em início de carreira, em que aumentos apenas compensam a inflação registada em 2021, para muitos funcionários públicos, tanto da carreira geral, como das carreiras especiais, a perda de poder compra pode chegar aos 7,8%.

Mantém-se uma tendência de décadas de empobrecimento dos trabalhadores e trabalhadoras da Administração Pública, seja porque os aumentos não são reais, seja porque os entraves criados na progressão na carreira são intransponíveis.

GRÁFICO 43 – Variação salários função pública vs Inflação
Fonte: Orçamentos do Estado

A ausência de políticas salariais justas na Administração Pública tem um reflexo direto na organização das carreiras. A criação da tabela remuneratória única, a fusão de várias carreiras, a aplicação de um sistema de avaliação que institui um sistema de quotas para limitar a progressão na carreira têm como consequência o afastamento de profissionais qualificados e a manutenção de desigualdades – um assistente operacional pode ter décadas de serviço e ganhar o mesmo que um recém-contratado.

Esta desvalorização das carreiras da Função Pública, agravada pelo desaparecimento de muitas carreiras especiais, é um dos maiores fatores de desmotivação e dificuldade de atração dos melhores profissionais para o serviço público.

Segundo a DGAEP, em 2022 o número de trabalhadores abaixo dos 55 anos que integram a Administração Pública diminuiu significativamente.

GRÁFICO 44 – Estrutura etária na AP 2011 vs 2021
Fonte: DGAEP-SIEO

A falta de efetivos em muitos setores da Administração Pública sobrecarrega os existentes e pressiona a qualidade dos serviços públicos.

A resposta que o governo encontrou para esta incapacidade de renovação dos serviços públicos foi recorrer à contratação com vínculo precário. Entre 2019 e 2023, registou-se um aumento da quota de emprego precário no total do emprego público e do número total de contratos a termo na Administração Pública.

TABELA 7 – Número de contratos a termo na AP
Fonte: DGAEP

É urgente dar uma resposta a estes trabalhadores e a estas trabalhadoras através da garantia da sua internalização, porque representam necessidades permanentes, e da celebração de contratos de trabalho por tempo indeterminado que permitam o acesso à respetiva carreira.

As propostas do Bloco:

  • Contratação de trabalhadores para os vários setores da administração pública e revisão das suas carreiras, de forma a melhorar a capacidade de atrair e fixar novos trabalhadores na função pública;
  • Revisão da especialidade e diferenciação funcional das carreiras bem como da tabela remuneratória da Administração Pública para recuperar proporcionalidade e justiça;
  • Aumento salarial anual mínimo ajustado à inflação acumulada e aumentos reais no quadro da valorização da Administração e serviços públicos;
  • Revogação do SIADAP e do seu sistema de quotas, substituindo-o por um verdadeiro sistema de avaliação que permita a justa progressão na carreira;
  • Regularização de todos os vínculos precários na Administração Pública e no Setor Empresarial do Estado;
  • Substituir o recurso à contratação a prazo e a prestações de serviços por contratações seguras e estáveis por tempo indeterminado;
  • Atribuir à Autoridade para as Condições do Trabalho poderes para fiscalizar o cumprimento da legislação laboral por parte das autarquias.
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